Aos 78 anos, a cantora, compositora e parlamentar Leci Brandão não tem do que reclamar em termos de trabalho. Ela foi reeleita em 2022 deputada estadual em São Paulo pelo PCdoB, prepara seu 26º álbum solo e anseia pela volta aos palcos, depois do seu recolhimento forçado pela pandemia de covid-19. De quebra, foi lançado recentemente o livro A Filha da Dona Lecy: A Trajetória de Leci Brandão (Editora Gota), da escritora Fernanda Kalianny Martins Sousa, que refaz a trajetória da artista a partir de suas próprias composições.
Leci, que não gravava desde o álbum de músicas inéditas Simples Assim, de 2016, ainda não bateu o martelo sobre tudo o que vai gravar agora – ainda está compondo, declarou em entrevista a O Estado de S.Paulo. A atividade política atrapalha um pouco, disse ela, ressaltando que “está” deputada, mas é artista.
Até a definição total, podem entrar composições novas e antigas ainda não gravadas, com participação de rappers, e abordagens de temas polêmicos, como racismo e LGBT+, presentes há um bom tempo na obra da compositora. Tudo isso pela ótica do samba raiz, promete Leci.
Sempre envolvida com os desfavorecidos, na arte e na política, Leci foi um prato cheio para Fernanda Kalianny Martins Sousa, que usou o simbolismo da trajetória da artista – uma mulher negra, nascida na periferia e com visão política de esquerda – no desenvolvimento de sua tese de mestrado em antropologia, na USP, convertida depois no livro recém-lançado. É uma rica história de vida que ainda está longe de acabar, deseja a GRIZZ.