Envelhecimento, solidão e amor aos animais pela ótica de J.M. Coetzee
Ao colega norte-americano Paul Auster, o escritor sul-africano J.M. Coetzee, Nobel de Literatura em 2003, afirmou que a decadência física, a solidão e a forma como vemos e tratamos os animais são temas que escolheu para abordar nesta fase da vida – ele completa 82 anos em fevereiro de 2022. Os assuntos estão presentes em Contos Morais, lançado no Brasil pela Companhia das Letras e uma ótima dica para os maduros.
A maior parte dos sete contos do livro, escritos entre 2008 e 2017, traz uma personagem já conhecida dos leitores de Coetzee: Elizabeth Costello, que, como ele, é escritora, vegetariana e prateada. Em “Vaidade”, por exemplo, ela comemora seus 65 anos surpreendendo os filhos, John e Helen: a aparência sempre conservadora dá lugar a cabelos pintados e cuidadosa maquiagem, para que eles a olhem “como se olha uma mulher”.
Em “Quando uma mulher envelhece”, ela, moradora da Austrália e aos 72 anos, fica sabendo que os filhos gostariam de tê-la perto de Helen, na França, ou John, nos EUA. Mas Elizabeth quer manter sua autonomia.
“A velha e os gatos” já mostra a escritora morando num povoado espanhol, cuidando de gatos e de um homem com rebaixamento mental, Pablo – que, ela explica a John, vai herdar a casa e os felinos. Em “O matadouro de vidro”, Elizabeth, depois de sofrer uma queda, confessa ao filho que a memória já não é mais a mesma e insiste que John compartilhe com ela relatos sobre a crueldade com os animais, escritos que ela vê como seu legado.
Contos Morais é uma atraente introdução à obra de Coetzee e merece ser conhecido, recomenda a GRIZZ.
Participe da GRIZZ
Se interessou pela GRIZZ e nossos conteúdos? Então fique à vontade para falar com a gente!
Ei, você viu?
Fique por dentro das notícias relacionadas
Deixe um comentário
O seu endereço de e-mail não será publicado.Campos obrigatórios são marcados com *