Filantropia é um costume enraizado nos Estados Unidos, e foi dos megarricos norte-americanos Warren Buffett e Bill Gates que veio uma das mais conhecidas iniciativas recentes nesse sentido: o programa Giving Pledge, criado em 2010 para incentivar outros bilionários a doar em vida pelo menos metade da sua fortuna para causas sociais.

Por enquanto, o Brasil só tem um integrante nessa lista: Elie Horn, 77 anos, fundador da Cyrela, umas das maiores incorporadoras de imóveis de alto padrão do Brasil. Ele e sua mulher, Suzy, entraram para o programa em 2015, por afinidade natural com a iniciativa – 60% de seu patrimônio já foi doado.

Nascido em Aleppo, na Síria, Elie aprendeu a caridade com seu pai, Raphael Horn, que em vida teria vários motivos para pensar no sentido oposto. Quando o fundador da Cyrela ainda tinha 8 anos, Raphael foi à falência no Líbano, onde moravam então. Tiveram de deixar o país e passaram pela Itália antes de chegar ao Brasil. Aqui, o pai reergueu-se, enriqueceu – e acabou por doar tudo. “Sem caridade, a vida não tem sentido” – eis a lição que Elie assimilou para toda a existência.

Pai de três filhos e avô de cinco netos, o empresário acredita ter passado essas ideias para as gerações seguintes. Elogia o aumento de doações no Brasil durante a pandemia, mas alerta: doar é algo para fazer o tempo inteiro, não apenas na dificuldade. E lamenta não ter convencido outros brasileiros a aderir ao Giving Pledge. Mas adverte: “Estou lutando, não vou desistir”. A GRIZZ apoia essa insistência.