Conheça o documentário sobre a transição de gênero da cartunista Laerte aos 58 anos
O que poderia ser tão desafiador quanto passar por uma transição de gênero em 2009, próximo de entrar na terceira idade, após três casamentos e três filhos? O documentário Laerte-se, da Netflix, retrata a trajetória da cartunista Laerte, hoje com 73 anos, e sua coragem em se reinventar sexual e emocionalmente na maturidade. Uma história que merece ser conferida, recomenda a GRIZZ.
A jornada de liberdade e autoaceitação de uma mulher trans na terceira idade
A criadora das tiras Piratas do Tietê compartilha de maneira sensível e humana seus dilemas ao se assumir como mulher trans aos 58 anos. “Quando comecei essa transição, sabia que não me tornaria uma mulher no sentido de mudar minha genitália ou renascer. O que me motivou foi a busca pela liberdade, a vontade de fazer essa jornada, cruzar essa fronteira, e não precisar mais viver no território alheio”, explica Laerte.
Ela revela que a coragem para se assumir veio após a morte de seu filho Diogo, em 2005, quatro anos antes da mudança. “É difícil falar da morte como um impulso. Mas o que a morte nos deixa? Para Diogo, significou o fim de tudo, um ciclo que se encerrou. E para nós, que continuamos?”, questiona, pensativa, no documentário.
Ao assistir Laerte-se, fica claro que a cartunista se identifica como transexual e que o pronome correto a ser usado é o “a”. Laerte ainda brinca ao descobrir que já existiu “uma” Laerte: “Comecei a pensar se realmente queria mudar meu nome, e cheguei à conclusão de que não. Foi quando descobri a dona Laerte Soares, que foi primeira-dama em São Bernardo. Isso foi decisivo. Existe uma mulher chamada Laerte” (risos).
Ao decidir fazer sua transição de gênero aos 58 anos, Laerte já contava com uma carreira consolidada como cartunista e diversos prêmios em seu currículo, o que a ajudou a evitar preconceitos no ambiente profissional. Seus trabalhos foram publicados em veículos de destaque como o extinto jornal O Pasquim, além de Veja, IstoÉ, Estadão e Folha de S. Paulo.
Os questionamentos sobre seu trabalho e identidade permeiam todo o documentário, revelando a história de alguém que, apesar dos desafios e dúvidas, escolheu encarar a vida de frente, independente da fase em que se encontrava.
O que é ser mulher?
“O que é ser mulher? Minha mãe diz que é parir. O que é se sentir mulher? É algo que me sinto e venho me sentindo cada vez mais. Mas é definitivo ou não? E por que preciso oficialmente ser mulher ou homem? Estou investigando a mulher que posso ser”, observa Laerte no documentário.
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