Existe momento adequado para criar um novo trabalho artístico? Aos 79 anos, completados em 7 de agosto, Caetano Veloso dá mais um exemplo de que essa inspiração pode muito bem bafejar os maduros das mais variadas idades. Depois de nove anos, ele lançou em outubro um novo álbum de músicas inéditas, Meu Coco, uma viagem por “só o que passa pela minha cabeça”, segundo o cantor/compositor baiano, embarcada em diferentes ritmos brasileiros.

A vontade de gravar canções inéditas veio no fim de 2019, disse Caetano, e a pandemia, embora tenha atrasado o processo, acentuou nele o desejo de fazer coisas novas, “de inventar e registrar os inventos”. Os temas abordados nas 12 faixas vão de miscigenação, mulheres e “nosso futuro” (“Meu Coco”), política (“Não Vou Deixar”), mundo virtual e redes sociais (“Anjo Troncho”), a uma bela homenagem ao neto Benjamim (“Autoacalanto”) e à velhice (“Homem Velho”, na qual Caetano diz que “o homem velho é o rei dos animais”).

As curiosidades rítmicas incluem um fado (“Você-Você”) e um samba-rap-sertanejo (“Sem Samba Não Dá”). Mas o que é mais importante e apreciável em Meu Coco é a materialização do fluxo criativo desse compositor ímpar na música brasileira em mais um trabalho de qualidade, aproximando-se dos 80 anos. Vida longa e produtiva a Caetano Veloso, deseja a GRIZZ.

Confira aqui clipe de “Anjos Tronchos”, uma das faixas do novo álbum.