Em janeiro de 2019, o britânico Jonathan Hirons, então com 69 anos, começou a se sentir estranho: não compreendia o que os outros diziam nem os textos que lia, e as palavras fugiam da sua mente. Levado ao hospital, recebeu o diagnóstico: um acidente vascular cerebral. Não foi um AVC de grandes proporções, e Hirons não teve nenhum problema físico em decorrência dele. Mas uma sequela permaneceu por mais tempo: a afasia, ou perda de linguagem.

Trabalhando em negócios e gerenciamento de projetos, ele obviamente teve seu desempenho afetado. Mas, inspirado em sua experiência como ator, Hirons resolveu fazer do limão uma limonada e começou a rodar um documentário sobre a doença. O filme, On the Tip of My Tongue (Na Ponta da Minha Língua), está quase pronto e passa pelo crivo exigente do diretor, que considera “mesmo as partes chatas agradáveis”.

Com terapia e exercícios, a fala voltou e, hoje em dia, Hirons mantém uma conversação praticamente normal – segundo a repórter do jornal The Guardian que o entrevistou, vez por outra ele esquecia uma palavra, a qual dizia que lembraria amanhã. Os números permanecem um problema, a ponto de no início ele não conseguir usar o telefone para trabalhar. Situações de cansaço ou estresse o deixam ocasionalmente sem palavras, mas ele não se preocupa muito com isso.

O filme veio como uma forma de tornar esse problema mais conhecido do público e ajudou Hirons a achar um novo caminho. Ele diz que não é de viver no passado e que vai seguir como cineasta, adaptando-se às circunstâncias. Que logo comece seu segundo filme, espera a GRIZZ.