A energia inesgotável da maestrina Hugueta Sendacz aos 95 anos
Nunca faltou movimento à longa vida de Hugueta Sendacz, maestrina de 95 que rege o Coral Tradição, da Casa do Povo, entidade judaica do bairro paulistano do Bom Retiro fundada em 1946. Nascida na Polônia, ela veio ainda criança para o Brasil. Seu pai fundou na capital paulista uma fábrica de bonés no Bom Retiro, e a família nunca saiu dali.
Hugueta começou cedo nas artes. Aos 6 anos ela foi matriculada em piano no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde teve Mário de Andrade como professor. Mais tarde, integrou um grupo de teatro, no qual era atriz, figurinista e tradutora das peças do iídiche para o português. Enquanto isso, ela e o marido já falecido, José, tocavam uma fábrica de roupas – ele, na parte administrativa, e ela, na criação.
Bastante envolvidos com arte, cultura e política, Hugueta e sua família viveram os altos e baixos do Brasil ao longo destes anos. Na ditadura de 1964, por exemplo, atividades da Casa do Povo como o coral, o grupo de teatro e o jornal Nossa Voz foram vetadas, e alguns sócios foram detidos. Outro momento difícil foi a dispersão da comunidade judaica por outros bairros, a partir dos anos 1980. Mas o Coral Tradição nunca deixou de atuar. Hugueta, que aprendeu a reger quando já conduzia o grupo, não o deixou se desarticular nem na pandemia, mantendo ensaios via Zoom.
Em abril, a apresentação do coral foi um dos pontos altos das celebrações anuais do Levante do Gueto de Varsóvia na Casa do Povo. A maestrina, que garante não tomar nenhum remédio, diz que vai continuar no cargo enquanto der. É a torcida da GRIZZ também.
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